Wednesday, January 11, 2017

Bíblia

A Bíblia Sagrada online encontra-se disponível em bibliasagrada.org. Pode-se encontrar o antigo testamento, o novo testamento, versículos do dia e genesis.

Saturday, February 10, 2007

Para o "ARMÁRIO"

"Sinto falta de muita coisa mas sobretudo da companhia para o café. Pode parecer pouco mas queria ter companhia (pessoas interessantes se não for pedir muito) para ir beber, para falar e ouvir (quem me conhece sabe que a principio sou um grande ouvinte, mas quando abro a matraca tenho conversa para horas), para rir, para partilhar…"

Pego nas tuas palavras e convido-te para tomares um café comigo...

Gil.

Para o "Carlos Vaz"

Quero escrever-te uma carta... uma carta em formato de “post”... aqui... neste blog... Gostaria que soubesses como me sinto hoje... Quero que a leias. Podia escreve-la já... mas sinto-me incapaz... hoje; só consigo dizer-te que tenho vontade de a escrever pois gostava que soubesses como me sinto neste momento... aquilo que sinto, não a minha incapacidade de o expressar... para isso, talvez precise das palavras da tua caixinha...

Gil.

Para "Corpo Visível"

É bela a serenidade, e eu já não consigo viver sem ela...

Este projecto, vive sem palavras... sem as minhas ou as dos outros. Existem ainda muitas por dizer... serão ditas a seu tempo, quando o tempo assim o quiser... para te inquietarem ou não... até lá... até breve... Bj**

Gil.

Monday, January 15, 2007

foto-novela

primeira performance
16 de outubro de 2006
16:00/
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[ rua do passadiço, saio de casa ]
16:07/
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[ avenida da liberdade, espero pelo táxi ]
16:12
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[ avenida da liberdade, dentro do táxi ]
16:25/
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[ jardim da parada/campo de ourique, saio do táxi ]
16:43/
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[ loja l'occitane, compro um presente para ti ]
16:59/
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[ café (não me lembro do nome), bebo uma meia de leite descafeinada e como um croissant com queijo ]
17:25/
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[ jardim da parada, espero por ti ]
17:37/
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[ jardim da parada, recebo a chave de tua casa ]
17:42/
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[ rua infantaria 16, entro na tua rua ]
17:45/
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[ porta de tua casa, entro ]
o resto mora aqui/

Saturday, December 09, 2006

la voix humaine...

...escrita

11.10.2006, 23:06/ aqui fica o meu número de telemóvel... e porque numa mensagem de boa noite fica sempre bem uma citação: "ne me quittes pas, il faut oublier, tout peut s'oublier, qui s'enfuit déjà..." hehehe... boa noite_11.10.2006, 23:11/ já estás guardado no meu telefone. nunca te esqueci. boa noite. r._12.10.1006, 12:46/ olá. então como estão a correr as caldas? olha... ainda não tivemos oportunidade para falar como deve ser sobre o assunto, no entanto agora vou estar algumas semanas sem trabalhar e como ando outra vez entusiasmado com a ideia, gostaria de a desenvolver em breve, se te for possível, é claro... sempre achei interessante a ideia do "vou a tua casa", e por isso tenho um certo interesse em explorar a sua dimensão, se possível dar-lhe um novo ponto de vista e no limite sabotá-la (hehehe)... gostaria de desenvolver a ideia contigo, é um facto... boa sorte para as caldas. beijo_13.10.2006, 00:28/ olá! as caldas estão a correr muito bem! só agora tenho tempo para responder-te como deve ser. fico muito entusiasmado com a tua proposta! a partir de sexta já terei acesso à net a toda a hora. com certeza que dará para falarmos de todos os pormenores. até amanhã então! beijo_13.10.2006, 00:46/ fico contente pela tua reacção... depois explico-te a minha ideia. para já também ainda preciso de fazer um pouco de investigação e de organizar um pouco a minha proposta. boa noite e que tudo continue a correr bem por aí. beijo_16.10.2006, 18:06/ estou sentado num banco de jardim ao pé dos senhores que jogam cartas_16.10.2006, 19:47/ estou a chegar aos armazéns_18.10.2006, 02:06/ posso ligar-te? queria dizer/ler-te uma coisa. não tens que falar... beijo_18.10.2006, 02:15/ estava justamente a pensar na questão de não falarmos um com o outro, de irmos com a ideia em frente ou não. no entanto, suponho que isto não coloca de todo isso em causa. apenas irei ouvir e não comunicar contigo. por isso, estás à vontade..._18.10.2006, 02:25/ obrigado, porque se agradece quando é necessário. beijo e boa noite_18.10.2006, 16:04/ olá, como estás? neste momento estou a caminho de chaves, a viagem é bastante aborrecida, cerca de 7 horas... dá-me no entanto tempo para pensar. e entretanto vão surgindo ideias e ideias... beijo_18.10.2006, 16:07/ eu estou óptimo. muito trabalho... acabei de comentar no teu blog. também tenho pensado muito. em mim, em ti e na performance. voltas amanhã? beijo e boa viagem_18.10.2006, 16:13/ sim, amanhã já estarei de volta... eu não consigo estar durante muito tempo em chaves. a mim surgiu-me a ideia para uma terceira abordagem do 'lado a', só que essa tem de ser num dia muito específico: 31 de outubro à noite, e sem te dar mais pormenores... beijo_19.10.2006, 00:21/ primeira mensagem, coisas práticas: estou contente por ter encontrado datas disponíveis para ir de torres vedras ter contigo a lisboa. a saber: para a 'segunda performance', dia 22, domingo, à noite; para a 'terceira performance', dia 31, terça-feira, à noite, tal como sugerido por ti. vais-me fazer alguma festa de halloween?? hehehe... depois diz-me se concordas com a primeira data_18.10.2006, 01:24/ segunda mensagem, coisas sem ser "práticas": hoje escrevi bastante sobre o nosso encontro e servi-me dele para uma série de coisas que precisei de justificar a mim próprio dentro do trabalho de documentação que estou a fazer. estás a ser muito inspirador para mim. e como há coisas que é necessário agradecer: obrigado! beijinho e boa noite_19.10.2006, 00:34/ resposta à primeira mensagem: sim, quanto às datas por mim tudo bem. neste momento, estou a viver um drama a tentar definir de forma clara os espaços temporais daquilo que vai ser todo o texto, para não haver incoerências mais tarde... p.s.: continuo a sentir-me um miúdo porque ainda tenho de andar a fumar às escondidas dos meus avós. p.s.2: estou a precisar de uma ganza... estado: quase rabugento_19.10.2006, 00:38/ resposta à segunda mensagem: eu sou uma musa! estado: esqueci a rabugice e fiquei contente. vou então fumar mais um cigarro às escondidas... beijo, boa noite_19.10.2006, 13:33/ olá, bom dia! bem disposto? olha, acabei de falar com a minha amiga filósofa... ela parece estar entusiasmada com o "projecto" e se nos portarmos bem, quiçá possa vir a ser objecto de estudo da tese de mestrado dela, visto que existem muitas problemáticas e questões em comum... beijo_19.10.2006, 17:16/ acabei de chegar da faculdade só agora... fico contente com a notícia!, só não gosto da parte do "portar-me bem", porque está a apetecer-me justamente o contrário!... beijinho e até breve_19.10.2006, 17:23/ hummm... sabes perfeitamente o que quero dizer com o facto de nos "portarmos bem", mesmo que isso implique portarmo-nos, ou não, mal... beijo_19.10.2006, 17:24/ claro que sei. estava só a meter-me contigo. aliás, eu sou um rapaz regra geral bastante bem-comportado... beijo_19.10.2006, 17:31/ eu não sei se sou ou não... por isso prefiro assumir que não sou. beijo_20.10.2006, 00:26/ queres "ouvir" a lista de ideias?_20.10.2006, 18:01/ credo! na caras?? que medo... lol. eu estou no comboio caldas/torres a ouvir em repeat o "look at me (i'll be around)" [neko case]. e a pensar em domingo, que é como quem diz, a pensar em ti. beijo_20.10.2006, 00:35/ penso que não se trata de ums lista utópica. dorme bem... boa noite_20.10.2006, 23:42/ descansa muito. acredito que deves estar a precisar... amanhã irei enviar-te muitas fotos... a good night kiss_22.10.2006, 01:22/ muitos projectos artísticos transformam-se facilmente em projectos de vida. é tudo uma questão de empenho, e de paixão. muitos projectos de vida acabam por se tornar em projectos artísticos. pelas mesmas razões. qual é o "nosso" caso?_22.10.2006, 02:06/ eu ainda não tomei uma posição definitiva em relação a isso... e ela irá ser tomada naturalmente. existe o passado da minha vida que me obriga muito a ser extremamente céptico em relação a tudo... posso dizer-te que para tomar essa posição preciso de viver muitas mais coisas contigo, muitas delas extremamente banais, como sairmos e embebedarmo-nos. seja como for, afirmo com toda a certeza que neste momento gosto muito em ter-te presente..._22.10.2006, 14:24/ só vi a tua mensagem hoje de manhã. tem piada, a minha questão era do foro 'artístico', tinha a ver com o nosso projecto, mas sobretudo com o 'vou a tua casa' de uma maneira geral. fiquei surpreendido com a tua resposta tão pessoal, embora ela faça todo o sentido... estou na net até às seis da tarde. beijo_23.10.2006, 01:24/ mesmo sendo verdade, vais achar sempre que estou a representar?..._23.10.2006, 22:58/ ouvi o teu cd e li a tua mensagem de ontem à noite... a minha verdade é simples: gostei de estar contigo. a tua... diz-me quando for mesmo verdade. hehehe. beijoca_24.10.2006, 00:27/ a minha verdade sempre foi "mesmo" verdade. mas neste momento é uma verdade muito confusa. vou esperar que ela fique mais "clara" e depois digo-te. entretanto, pode ser que surja a hipótese para outra performance ainda antes da "tua" terceira. amanhã digo-te, mas vai depender muito da tua disponibilidade... beijo_24.10.2006, 00:37/ tudo se há-de resolver pelo melhor... a minha verdade é que toda a gente gosta de mim, mas ninguém me ama. e eu já sei lidar com isso... e isso explica muito o meu cepticismo e o meu cuidado_24.10.2006, 00:40/ sim, e todo o cuidado é pouco, sobretudo com artistas que dizem que não representam e que são eles próprios... hehehe. o que pensei exigiria de ti cerca de um dia, mas preciso de saber pormenores. amanhã "falamos", ok?_24.10.2006, 00:55/ ok! em relação ao dia, pode ser amanhã e durante o fim-de-semana... em relação a tudo o resto: por enquanto, a ideia pode ser mais apaixonante que as pessoas... e até agora conhecemos melhor a ideia do que as pessoas. seja como for, gosto de te ter presente. beijo_24.10.2006, 12:48/ bom, agora que já estou instalado em évora e já sei todos os pormenores, posso adiantar o convite: queres vir cá na sexta ver a terceira parte do vatc? talvez fosse importante para o 'projecto'. beijo_24.10.2006, 13:10/ olá! isso vai depender da hora a que tenho de sair de lisboa. sexta tenho formação de trabalho e não sei a que horas fico despachado, mas em princípio deve dar. deixaste o carregador do teu telemóvel cá em casa. no texto que vou escrever, assumo que é um pretexto para voltares. lol. li o teu mail. talvez seja bom conversarmos um bocado. interessa-me mantermo-nos serenos, se possível motivados; por isso, confia em mim. não te esqueças que sou eu quem comanda a coisa! beijinho_24.10.2006, 13:16/ o carregador é um pretexto para tu vires a évora, isso sim! vou precisar dele de certeza... depois diz-me se podes vir. quanto ao mail, é uma simples citação do guião do 'vou a tua casa' que tem a ver com o que disseste numa das sms, sobre amar e ser amado, blá blá blá. nada mais do que isso. beijo_25.10.2006, 01:34/ hello! ou eu percebi muito mal ou estou muito cegueta... mas não encontro nada sobre ementas nos blogs (apenas encontro fotografias de pratos). mas posso dar duas sugestões, desta vez para sobremesas: bolo de chocolate ou então requeijão com doce de abóbora, nozes e mel. entretanto, vou pensando no prato principal... afinal, a minha formação foi adiada para segunda, por isso na sexta posso ir para évora às horas que eu quiser! a good night kiss just for you_25.10.2006, 02:43/ adormeci enrolado no cobertor em frente à televisão. donde é que eu conheço isto?... hehehe. acordei agora e vi a tua mensagem. fiquei contente porque assim vou-te pedir para vires para évora o mais cedo que conseguires, para termos mais tempo para "conversar" e até passear... obrigado pelas sugestões! e agora vou nanar. beijinhos e boa noite para ti também..._27.10.2006, 11:57/ olá! afinal vou chegar um pouco mais cedo, por volta das 14:45... ontem fiquei a sentir-me um traidor do projecto por ter falado contigo... lol. e ainda por cima não conseguia dizer nada de jeito... agora já conheces a minha voz. já sou completamente real. beijo_

Saturday, November 18, 2006

Tudo é ficção

texto 4

Antes de continuar com a descrição daquilo que tem acontecido desde que “a coisa” começou, acho interessante dar-te a conhecer um dos textos que escrevi no decorrer deste ano de 2006, uns meses antes de termos iniciado este projecto. O homem do texto que se segue, e que está referenciado na terceira pessoa, inspira-se em mim, e as situações descritas tratam-se de situações que foram vividas mais ou menos da forma que estão apresentadas. Tenho um certo interesse em mostrar-te este texto neste momento pois mais tarde ou mais cedo com certeza que terá a sua razão para ser apresentado...


“O homem sozinho que sou”... Leu a frase pintada na parede de uma das casas que vê a caminho do trabalho. A ela acrescentou: não se dá a conhecer, apenas age de acordo com aquilo que é aparentemente esperado dele.

O facto de ele se encontrar cada vez mais sozinho também o incomoda. Tem a lucidez de, de vez em quando, o admitir; sobretudo quando entra no quarto e vê nele apenas a sua presença, sentindo assim a angústia da solidão a atingi-lo com uma intensidade inesperada. Durante o dia, o emprego é capaz de manter a sua mente ocupada - ou pelo menos é isso aquilo que ele quer que lhe aconteça. Quer começar a acreditar cegamente na ilusão que criara, que o facto de se manter ocupado com a banalidade do emprego é algo supostamente capaz de lhe acalmar o espírito, dedicando-se assim horas a fio ao trabalho de modo a que, quando entra no quarto, apenas lhe reste descansar, dormir e acordar na manhã seguinte, já com a luz do dia a anunciar-lhe a mesma rotina daquele que o antecedeu. E é assim que quer deixar os dias passarem por ele, onde o clima serve como pretexto para influenciar o seu humor definido ao acordar - de uma noite de sonhos ou pesadelos dos quais agora se recorda sempre -, admitindo à partida que é o que se estenderá ao longo das restantes horas sem grandes sobressaltos até voltar a entrar no quarto. É isso o que acaba por acontecer dias e dias consecutivos, o que o leva a acomodar-se ao conforto da rotina, por isso incomoda-o cada vez mais quando lhe acontece algo que é capaz de o desviar da monotonia em que gradualmente se vai embrenhando, que lhe atiça a ânsia esmorecida que teima em persegui-lo; a ânsia que o confronta com a constatação de que para a sua vida se tornar excitante e no quarto ver outra presença para além da dele não seria necessário um grande esforço, apenas necessitava de estar predisposto ou motivado para isso.

IR - Definições | Pressupostos | Problemáticas -> DPP 1


Comecei por lhe chamar “IR”; agora, em algumas intervenções, chamamos-lhe “a coisa”... não ficaria surpreendido se, um dia destes, e sem qualquer tipo de pretensão, lhe chamarmos apenas “a vida”. É a vida quem acaba por ser a protagonista desta obra... a minha, a dele, consequentemente a nossa, mas também a de todos que entram em contacto com a obra... A vida é assim, talvez, quem acaba por ser “o todo” desta criação.
A vida poderá servir igualmente de definição d’ “a coisa”, visto que “a coisa” não está definida à partida. “A coisa” alimenta-se precisamente da indefinição (é este o acesso directo e correcto a esta obra)... e, como bem se sabe, também a vida é assim.
De resto, outras abordagens feitas a esta obra são facilmente trespassadas pela própria, visto que ela é, e também aqui vai ao encontro da vida, aberta a essa ponto; pois assume-se que todas aproximações que lhe são feitas passarão também a fazer parte dela... da obra; da vida... E esta obra é isso tudo - onde também se inclui este texto.

texto 3


Tinha acabado de receber a mensagem - não estava à espera de a receber tão depressa -, onde dizias que estavas a caminho dos Armazéns do Chiado.
Disse então à mulher que não sabe se está apaixonada, e que tinha acabado de vir ao meu encontro, que íamos buscar as chaves de minha casa. Tentei explicar-lhe resumidamente o que se estava a passar, enquanto observava as reacções dela. “Vê lá onde me estás a meter”, disse-me em determinado momento. Achei então que o melhor seria explicar-lhe mais detalhadamente a tua peça de teatro, explicar-lhe em que consistia, e como se insere no projecto que agora se desenvolve. Observei novamente as reacções dela. Respondeu-me que já tinha conhecimento da peça, que tinha até, há uns tempos atrás, visto cartazes de rua a anunciá-la... Enquanto tínhamos essa conversa, caminhávamos na tua direcção, na direcção do local onde tínhamos combinado encontrarmo-nos pela segunda vez, onde, ao chegarmos, ficámos à tua espera, enquanto ela falava sobre as razões de não saber se está apaixonada. Vi-te então a sair da Fnac. A minha reacção foi virar-me para a nossa espectadora e dizer-lhe que tu vinhas aí, para se comportar como bem entendesse, eu e tu, apenas, não iríamos falar, tu só irias devolver-me as chaves de casa. E então aproximaste-te e cumprimentaste a nossa segunda espectadora e sorriste-lhe, deste-me as chaves e com elas recebi o fim do sorriso que tinhas formado, seguido de uma expressão séria e... foste embora. Fiquei indignado. Pareceste-me frio, distante, quase agressivo (um problema de atitude teu, fiquei a saber mais tarde); mesmo assim, isso não me impediu de, nesse momento, esquecer a nossa segunda espectadora e concentrar-me em ti a ver-te ir embora… a subires as escadas rolantes em direcção à saída dos Armazéns do Chiado. Reparei que tinhas uma mochila contigo, reparei que tinhas umas calças de ganga azuis escuras (na primeira vez, apenas tinha reparado no casaco azul e no saco de papel), reparei no teu rabo... Em seguida virei-me para a segunda espectadora e disse-lhe algo… Não me lembro o quê em concreto, mas lembro-me da ideia, algo do género: “e assim foi”. Queria conversar com ela sobre mais alguns pormenores daquilo que estava a acontecer, mas tínhamos pouco tempo, e o pouco tempo que tivemos foi para falar sobretudo dela, sobre a sua convivência com um rapaz que considera interessante, sobre o seu medo em perder a liberdade que tem neste momento, sobre a desilusão, sobre como iria ser o próximo encontro deles, sobre uma viagem que vamos deixar de fazer, sobre o facto de eu estar atrasado porque tinha um jantar combinado - nessa noite ia haver em casa de uns amigos meus um churrasco de S. Francisco, um acontecimento que iríamos comemorar em Lisboa – até nos despedirmos com a promessa de nos encontrarmos dentro de alguns dias para conversarmos com mais calma.
Fui então ao encontro daqueles que eu considero os meus primeiros espectadores individuais, embora existam duas pessoas que já o tinham sido. Duas pessoas a quem eu já tinha explicado a criação do projecto, mesmo antes de saber se íamos com ele em a frente ou não; por isso, essas duas pessoas prefiro considerá-las como os primeiros potenciais espectadores, caso fôssemos adiante com isto. Uma delas penso que se tornará numa daquelas pessoas que passou pela minha vida e que o tempo se encarregará de a levar com o passado, a outra não. A outra é a Paula, de quem já te falei.
Como estava a dizer, fui ter com os meus primeiros espectadores individuais: o Jo e a Patrícia. São namorados. O Jo tem um novo corte de cabelo e nessa noite vi-o pela primeira vez com o cabelo curto, quase rapado. Nunca o tinha visto com o cabelo tão curto. Disse-lhe que parecia mais velho, embora achasse que o corte lhe ficava bem. O corte anterior também lhe ficava bem, no entanto, quando lho vi dessa vez, disse-lhe. (Não gostava muito do corte que ele sempre tivera quando vivemos juntos em Coimbra). Desde que ele voltou de Espanha para Portugal, para Lisboa, todos os cortes de cabelo que lhe tenho visto ficavam-lhe bem. Em relação a ele também tenho a dizer que considero que, fisicamente, está a ficar cada vez mais bonito. A Patrícia é uma mulher espanhola linda. O sotaque dela adequa-se perfeitamente à sua beleza física e à sua personalidade. Não foi a primeira vez, mas recordo-me perfeitamente do quanto ela me deslumbrou há relativamente pouco tempo: andava com ela e o Jo às compras, queríamos comprar roupa, essencialmente. Numa das lojas que entrámos ela foi experimentar um belo vestido com uns sapatos de salto alto a condizer; quando saiu do provador para mostrar como lhe ficava o conjunto foi um momento mágico. Um desses momentos de magia de Hollywood. Quando refiro isso é porque ela podia perfeitamente passar por uma dessas estrelas que brilham em Los Angeles, com todo o seu glamour, na apresentação de algum grande evento cinematográfico - gosto de fazer essa associação, penso ser a adequada. Nessa noite também me deslumbrou, lembro-me dela ter tentado mostrar-me os seus belos seios, não me recordo do motivo (ela também não)... estávamos a ter uma conversa que acho que foi mal interpretada por ambos, o que pode acontecer por existir algumas vezes dificuldade de comunicação devido à diferença das nossas línguas-mãe. Não sei… mas foi um momento divertidíssimo… Perguntei-lhe porque me estava a tentar mostrar as mamas e ela em seguida bateu-me. Desatámos ambos a rir desgovernadamente. Recuperámos passado algum tempo para em seguida discutirmos a representação fálica impressa no cunho das notas e moedas do Euro.

click's d' "a coisa"










texto 2


Esta fase de iniciação do projecto está a revelar-se extraordinariamente excitante. Não param de surgir ideias novas e novas pessoas a interessarem-se pela ideia primordial. Está assim a surgir uma quantidade enorme de material para gerir e para organizar. Existem textos que já estão escritos mas que ainda não estão finalizados. Existe a vida para escrever.
Ando a tentar envolver mais algumas pessoas no projecto, pessoas essas muito especiais para mim. Existe uma necessidade assumida da teorização deste projecto, daí ter surgido a ideia de o ter apresentado a uma filósofa, que é também uma amiga minha - a Paula -; não só por ser um possível objecto de interesse de estudo para ela, mas também porque é uma das pessoas importantes, actualmente bastante presente, na minha vida. Para além dela existe ainda outra pessoa a quem o quero apresentar, um amigo dela, actualmente estudante de filosofia, e quem considero que juntamente com ela poderá ser uma mais valia, isso se ele estiver disposto a envolver-se. Para além disso estou a tentar apresenta-lo a outra mulher, a ela também a amo; ela que dadas as circunstâncias agora se encontra praticamente ausente da minha vida, mas da qual nunca deixou de fazer parte. Chama-se Isabel e é uma das pessoas que mais admiro. Inteligente, bonita, interessante e culta, são à partida quatro dos adjectivos que servem para a definir. Conheci-a por intermédio de um ex-namorado meu e durante aproximadamente cinco anos fomos muito próximos. Suponho que este projecto poderá ser ainda uma forma de a aproximar novamente de mim, visto que a vida profissional e sobretudo a distância espacial, que temos neste momento, fez com que actualmente raramente comuniquemos um com o outro. Presentemente pouco sei do que se passa na vida dela, mas seja como for alegra-me o facto de ela também ser referenciada nestes textos. Irei falar mais vezes dela, com toda a certeza.

texto 1


Não sei definir o início. Sei no entanto quem elegi como primeiro espectador, quando o primeiro deveria ter sido eu. O espectador que elegi é no entanto involuntário, foi quem assistiu ao nosso primeiro encontro. Vi-o a olhar na minha direcção, vi-o a ver-me a caminhar na tua... e queria ver-te. Queria também vê-lo a vermo-nos pela primeira vez, queria saber o que ele estava a pensar quando me viu a entregar-te a chave, e queria saber para quem ficou a olhar depois de ter entregado a chave. Para mim ele é o primeiro espectador. Ele, de quem apenas me lembro do olhar, é quem guarda a emoção de ter sido o primeiro espectador, sem o saber. Mas lembro-me ainda do teu sorriso, de te teres levantado quando eu queria ficar contigo sentado a observar as pessoas que jogavam às cartas, lembro-me de não ter tido outra alternativa a não ser dar-te as chaves... Lembro-me que entretanto te perdi de vista, e lembro-me de te ter procurado na direcção da minha casa... Lembro-me que numa das vezes pareceu-me ter-te visto parado a olhares para algo que tinhas na mão, assumi que de facto eras tu, que olhavas para o meu endereço que tinhas guardado no telemóvel, e lembro-me de estar sereno. Não saí para comprar o perfume tal como te tinha dito, no entanto tu, o rapaz de ténis vermelhos com quem tinha falado, foste a minha casa desenvolver a performance sem espectador.
Antes de sair de casa, tocaram três vezes à campainha de minha casa. Pensei que poderias ter sido tu e por isso, da primeira vez, não fui ver quem era, na segunda fui, do outro lado ninguém respondeu, por isso voltei para a casa-de-banho e continuei a desfazer a barba, quando ouvi pela terceira vez a campainha, voltei novamente ao interlocutor e apenas disse “sim”, mais uma vez ninguém respondeu. Decidi então abrir a porta de entrada para o prédio. Fui tomar banho... Entretanto ninguém tivera batido à porta. Era tarde, já seriam seis horas da tarde, a hora combinada para me encontrar contigo, e eu ainda estava em casa. Acabei de me arranjar à pressa – achei que o meu cabelo estava horrível - e antes de sair do meu quarto olhei-o, sabia que ao voltar a ele o iria encontrar como nunca antes o havia encontrado. Fechei a porta e já estava prestes a sair de casa quando voltei para trás, para o olhar novamente. Vi-o, entrei nele, tentei sentir o que era aquele quarto até ali, tentei sentir o que ele iria deixar de ser e saí então ao teu encontro.
Fiquei incomodado ao chegar ao rés-do-chão do prédio e verificar que o caixote do lixo estava completamente cheio e que devido a isso havia sacos com lixo espalhados pelo chão, aos quais juntei mais dois que trazia comigo. Tive essa preocupação, não quis deixar lixo no meu quarto. Liguei o leitor de mp3 e fiquei à espera que aparecesse no ecrã a última música que tinha ouvido - não me recordava de qual tinha sido -, achei-a adequada, quando surgiu o seu nome no ecrã, tanto mais por já a ter tido partilhado contigo. Fui assim a ouvir “Look For Me (I'll Be Around)”, de Neko Case, ao teu encontro, tentando encontrar-te a caminho do nosso local de encontro. Entretanto recebi a mensagem no telemóvel, onde me informavas que te encontravas no jardim, sentado num banco, em frente aos homens que estavam a jogar às cartas. Deixei de te procurar e fui ter contigo, e aí vi o nosso primeiro espectador. E vi-te a ti, pela primeira vez, pessoalmente. Achei-te mais parecido com as fotografias que conhecia de ti do que aquilo que estava à espera. Por instantes até me pareceste uma delas e nesse momento quase te disse que era isso que estava pensar. Mas tínhamos um acordo, não podíamos falar no nosso primeiro encontro, por isso não falámos... A regra foi cumprida, mesmo quando queria dizer-te que tu eras parecido às tuas fotografias. Mas não falei. Tu também não. Apenas falaste no nosso segundo encontro, mas não comigo, falaste com a nossa primeira espectadora consciente da acção. Ouvi assim, pela primeira vez, a tua voz, mas tu ainda não ouviste a minha. A nossa segunda espectadora é uma mulher que não sabe se está apaixonada. Uma das mulheres que eu amo.

A questão do início...


É uma questão que se coloca... Dita por palavras tuas: “que será sobre o início da performance: quando começou?”. Ainda não sei responder... tenho poucas certezas... sei que começamos a ter "elementos" concretos e, acima de tudo, sei que a performance, ou a designação que lhe queiramos dar, se está a desenvolver.

inspiração (pt. 4)

Susan Sontag – “Happening: Uma arte de justaposição radical”.
Wong Kar Wai – método de trabalho.
Enrique Vila-Matas – “Bartleby & Companhia”.

inspiração (pt. 3)

fotografia de josé luís neves.

quando te olho nos olhos e digo 'preciso da tua ajuda', é verdade. isto não é um jogo. a roupa que trago é a minha roupa. vesti-a porque vim ter contigo. e para vir ter contigo é preciso estar bem vestido. isto é a minha vida e isto é a tua vida. juntas por um fio. à espera do próximo fade out.

tu não deixas de ser o que telefona; ainda assim, eu não deixo de ser o que vai. tu queres muito ver, apesar de estares a ser visto; eu quero muito ser visto, apesar de estar a ver. porque é que não dá para sermos um só? porque é que não dá para nos libertarmos do fio e isto ser a vida tal como ela é?

num fade out ideal, eu deixaria de ser performer, tu deixarias de ser espectador. viveríamos os dois, juntos e felizes, para sempre. tal como na vida real. tal como quando é verdade. mas mesmo sendo verdade, tu vais achar sempre que estou a representar.



COISAS QUE AINDA NÃO ACONTECERAM
(e que esperamos possamos vir a desenvolver a curto prazo):


1. visitas antropológicas a locais públicos devidamente escolhidos de antemão; 2. observações participantes de sítios/pessoas/situações. nesses locais; 3. observações sem ser participantes de sítios/pessoas/situações. nesses locais; 4. observações simples de pessoas a apaixonarem-se, a namorarem, a conhecerem-se, a despedirem-se (anotar especificamente os tipos de aproximações e/ou des-aproximações que nunca antes vi/experimentei). nesses locais e noutros que forem surgindo; 5. saltar para um banco de jardim e gritar “eu amo-te!”. na primeira oportunidade que surgir. 6. “a cidade inteira deixa de ser uma metrópole, para passar a ser um centro de estudos artísticos”. a frase é da autoria do Victor Gonçalves.


textos da autoria de ROGÉRIO NUNO COSTA.

inspiração (pt. 2)

inspiração (pt. 1)

Ter-te conhecido.

Tu.
Tu e Eu.
Eu.

Thursday, November 16, 2006

IR

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